Legenda da imagem: Elze Vonk e Manuel Matias estão na escada de acesso ao avião: é o início de mais uma viagem.
Numa tarde de outubro de 2016, mais de 60 anos depois de esta fotografia ter sido tirada, a minha amiga Elze Vonk, um pouco mãe adotiva, já em fase final da sua vida, num lar em Heemskerk, nos Países Baixos, pediu-me que desenvolvesse um “projeto educativo para crianças diplomáticas”. Fomos falando e compreendi que não tinha pensado em filhos de diplomatas, mas num projeto que pudesse ser “uma base comum para anular diferenças” em, pelo menos, mais uma língua, além do português. Na altura, disse-o em holandês, que nunca falei, mas conseguiu escrever igualmente algumas palavras em português, com as quais fui compondo ideias e sobre as quais tecemos, a Danuta Wojciechowska e eu, muitas conversas que deram origem à conceção de A vida das palavras – jogo de cartas ilustradas para contar histórias.
Em 2021, a necessidade de perspetivar o jogo enquanto recurso pedagógico, propiciando o desenvolvimento da competência comunicativa e linguística, da criatividade, do espírito crítico, da autonomia, bem como a exigência de revisão linguística de todo o texto produzido em português e em inglês, levaram à constituição da Equipa pedagógica, de que fazem parte a Madalena Teixeira, a Vitória de Sousa, o Shawn Seversen e eu própria.
Que relação tem este jogo com o projeto educativo para crianças diplomáticas? Talvez o facto de incluir entre os participantes um Mestre do jogo, um jogador com a função de moderador, função essa rotativa e propiciadora de práticas de cidadania ativa.
Enquanto recurso educativo, esperamos que ele siga o seu percurso de vida a desenvolver o espírito lúdico que há em cada um de nós, a convidar para brincar ao “faz de conta”, a incentivar à criação de histórias com as palavras, muitas imagens e a capacidade de usar a linguagem, exercitando a diplomacia e a cooperação.
Filomena Viegas